quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Meditando até demais

Como jornalista, eu tenho meus momentos de São Tomé e utilizo da filosofia que é “ver para crer”. Isso aconteceu com o filme “Comer, rezar, amar” (Eat, Pray, Love. EUA. 2010), mesmo lendo críticas que detonavam a produção, lutei contra a opinião dos outros e fui assistir à adaptação do best-seller de Elizabeth Gilbert.


Em 133 minutos, o filme junta artifícios que conseguem chamar a atenção do espectador, como um elenco bom (encabeçado por Julia Roberts), paisagens bonitas e uma trilha sonora muito legal - com destaque para as músicas de João Gilberto, Eddie Vedder, Marvin Gaye e Neil Young.  A história chega a ser inspiradora, se você sempre teve vontade de mudar completamente sua vida, mas nem tudo é perfeito.

“Comer, rezar, amar” é dividido em quatro partes, de acordo com os locais em que a protagonista permanece. As duas primeiras partes, Nova Iorque e Itália, são muito divertidas e dão um embalo para o desenrolar da história. Por mais que a primeira fase, nos EUA, passe tão rápida que dá a impressão que Liz é a mulher mais fácil da face da Terra, um minuto ela está casada, cinco minutos depois ela está tomando vinho com o novo namorado.

Mas, quando chega a terceira parte e Liz vai para a Índia (momento do “rezar”), a monotonia, a quebra do ritmo e o arrastar da história é capaz de desanimar profundamente o espectador. A passagem parece ser a maior de todo o filme e a impressão é que não terá fim. A protagonista e sua meditação chegam ao nível extremo da chatice, e eu, particularmente, passei a torcer para que um elefante atacasse os figurantes para poder “animar” o longa-metragem.

Talvez, o corte de alguns minutos na passagem pela Índia fosse a melhor solução para o filme. Só que essa derrapada é capaz de comprometer a parte final da adaptação, pois quem já está entediado não vê a hora de Liz resolver sua vida e aparecer o The End.

A fase final de “Comer, rezar, amar”, apesar de curta, consegue dar um último suspiro esperança para a mulher problemática que tenta mudar sua vida – a personagem da Julia Roberts – e também para quem já estava na porta do cinema para ir embora. Festa, bebedeira e a mancada de colocar Javier Bardem para falar um português muito estranho são capazes de minimizar o cansaço deixado pela passagem pela Índia.

Como uma obra literária, “Comer, rezar, amar” pode ser considerada uma história na medida certa, mas no cinema erraram um pouco a mão. 





Por Christiano Senna (@christianosenna)


domingo, 17 de outubro de 2010

Primeiro contato com o desconhecido

Aulas de artes circenses, uma das atividades no Plug Minas


Na última semana, tive a oportunidade de conhecer o projeto Plug Minas, em Belo Horizonte. Talvez, uma grande parte dos jovens mineiros nunca ouviu falar do trabalho desenvolvido no espaço onde funcionava a antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), no bairro Horto.

Criado em 2009, o Plug Minas foi desenvolvido pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais em parceria com a Secretaria de Esportes e “é um centro de formação e experimentação digital, onde jovens de 15 a 24 anos, estudantes das diversas escolas da rede pública do estado, vão desenvolver competências para lidar com os mais variados aspectos da tecnologia e da cultura digital - por meio do acesso irrestrito às redes e da autonomia para produzir informação, arte e cultura”.

Atualmente, o projeto atende cerca de 1.500 jovens em cursos como de dança, de artes plásticas, de artes circenses, além das atividades nos núcleos Oi Kabum e Inove, voltadas para áreas digitais, e aulas de empreendedorismo juvenil em parceria com o Sebrae.

Fiquei impressionado com a qualidade do trabalho desenvolvido no Plug Minas e devo revelar que fiquei com vontade de participar das atividades oferecidas, mas acho que não me encaixo nas condições para fazer parte dos núcleos. O projeto é uma ótima oportunidade para que jovens possam dedicar o tempo ocioso para aprender algo novo e desenvolver as habilidades.

Se você se interessou e quer saber um pouco mais sobre o Plug Minas, acesse o site do projeto.

Por Christiano Senna (@christianosenna)



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Uma noite de comédia

Como diz a música: “todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite”. E, como a maioria das pessoas, eu também procurava alguma coisa para fazer, em Belo Horizonte, no último sábado.

Poderia ir para algum bar, já que a cidade é a capital mundial dos botecos, só que não estava muito animado para isso. Cinema era outra opção, só que os filmes em cartaz não me agradavam tanto, pelo menos para ir sozinho. Então, eis que surge um convite vindo da minha irmã e da minha tia, que inicialmente considerei como interessante: assistir a peça “10 maneiras incríveis de destruir seu casamento”, em cartaz no teatro ICBEU.

Após pensar um pouco, aceitei o convite e fui assistir à peça, que nem fazia ideia que estava em cartaz em Belo Horizonte. E qual foi a minha surpresa? Durante pouco mais de uma hora, tive a oportunidade de rir muito e identificar algumas ocasiões absurdas, mas que, com certeza, acontecem parcialmente nas melhores ou piores famílias.

A mistura de um texto bem desenvolvido, a interação com o público e um elenco com muito fôlego e entrosado faz da peça uma ótima alternativa para momentos de divertimento e de riso fácil. Ah, e por falar nos atores, não posso esquecer de concordar com Jefferson da Fonseca (do Jornal Estado de Minas), em uma crítica publicada em 2009, mas ainda válida: Christiano Junqueira nada de braçada (...) Improvisa ao calor e sabor de cada apresentação, com verve e timing de comediante maduro”. (para ler mais, clique aqui)

Mas, como nem tudo são flores, pelo menos para o público, tive o azar de sentar logo a frente da única pessoa, em todo o teatro, que não gostou da peça e ficava reclamando, achando que todo mundo deveria saber de sua insatisfação. Entendo que todos possuem o direito de gostar ou não de alguma coisa, principalmente se tratando de cultura, só que o uso do bom senso é primordial.

Já que a noite só estava começando, depois do aperitivo humorístico no teatro ICBEU, decidimos encarar o horário maluco do “Comedia di Teatro” - um stand up feito por Geraldo Magela, Nayla Brizard, Christiano Junqueira (é, o mesmo da primeira peça) e Dudu (locutor do programa Graffite, na rádio 98 FM, em BH). Para quem não sabe, a apresentação do quarteto começa às 23h23, do sábado, no teatro Dom Silvério.


Comédia di Teatro, no Dom Silvério, sábado, às 23h23



A segunda parte da minha noite de comédia foi tão boa quanto a primeira. A oportunidade de ver quatro estilos de atores fazendo pessoas com diferentes graus de instrução, idade e classe social rirem me deu a certeza da qualidade que o teatro mineiro assumiu.

Isso me faz pensar em uma coisa, que talvez faça parte do cotidiano de pessoas envolvidas diretamente com a produção teatral e de admiradores desta arte: por que a divulgação de peças de grupos mineiros só acontece durante três meses, quando é realizada a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança? Nos outros nove meses, a mídia acha que as peças não precisam ser divulgadas?

As respostas para estas perguntas eu não tenho, mas a impressão é que ainda existe o descaso dos principais veículos de comunicação, que atuam em Minas Gerais, quando o assunto é cultura e, principalmente, cultura (teatro, música, dança, cinema etc.) produzida no estado.


Então, para fazer minha parte, hora de divulgar:


Comédia di Teatro

Local: Teatro Dom Silvério, em BH
Horário: 23h23
Elenco: Geraldo Magela, Nayla Brizard, Christiano Junqueira e Dudu
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Promoção: você compra uma inteira e ganha outra de brinde.
Informações: (31) 2191-5700



10 maneiras incríveis de destruir seu casamento

Local: Teatro ICBEU, em BH
Horário: sexta-feira e sábado, às 20h30. Domingo, às 19h30
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)




por Christiano Senna (@christianosenna)